quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ipea: Brasil é um dos países que mais diminuiu diferença entre ricos e pobres .

O Brasil foi um dos países que mais diminuiu a desigualdade entre ricos e pobres na última década de acordo com o estudo comparativo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).O estudo Desenvolvimento e Experiências Nacionais Selecionadas analisou a situação de vários países, entre eles, África do Sul, México, Argentina, Brasil, Índia, China, Rússia, Espanha, Alemanha, Finlândia e Estados Unidos.Ao analisar a renda a partir da atividade produtiva, o Brasil da primeira metade da década de 2000 apresentou diminuição da diferença entre pobres e ricos em 7%. Essa diminuição ocorreu com maior ênfase na Alemanha (14%), país que já apresentava nos anos 1990 uma distribuição de renda muito mais justa que o Brasil.Na África do Sul, a diferença entre ricos e pobres recuou ainda mais que o Brasil, em 11% e no México, a redução ocorreu, mas apenas em 3%.Nos demais países, a diferença entre os que mais ganham e os que menos ganham aumentou, sendo que na Rússia, atingiu o índice de 40% e na China 36%, as maiores variações identificadas pelo estudo.Os dados apontam ainda que a riqueza média do brasileiro aumentou um terço em 30 anos. Na China, o aumento foi de dez vezes e na Índia, quase três vezes no mesmo período. Já nos Estados Unidos, na Espanha e na Alemanha, a riqueza média quase dobrouPara o coordenador da pesquisa, Milko Matijascic, a atual crise financeira não deve causar efeitos sobre o movimento de retração da desigualdade. “Acredito que, apesar da crise, o movimento de redução da desigualdade de renda no país deve continuar. Na verdade, historicamente, são os momentos de crise que as desigualdades diminuem nos países em desenvolvimento”, considerou. “O que não significa que seja bom termos uma crise”, ressalvou.Matijascic destacou a necessidade de políticas públicas contínuas focadas na redução da desigualdade como fator de desenvolvimento. “A desigualdade pode se reduzir, mas precisamos de políticas e acho que a sociedade está muito consciente disso. É preciso continuar promovendo a redução das desigualdades. Isso é uma condição necessária para o desenvolvimento brasileiro, principalmente para o desenvolvimento sustentável”, destacou.Ele avaliou ainda que, entre os países analisados, o Brasil ficou em uma posição intermediária nos quesitos de competitividade, sustentabilidade e equidade analisados pelo estudo. “O Brasil não foi um país que abandonou totalmente suas posições nacionais e por não ter abandonado, preservou um certo espaço de negociação e uma certa inserção”, avaliou.No entanto ele ressalvou que o país deixou de fazer o “dever de casa” em áreas fundamentais como educação e por isso perdeu chances de melhorar as condições de vida da população.“Por não ter atuado em alguns momentos de maneira mais proativa, o Brasil perdeu algumas oportunidades de melhorar as condições de vida. Mais recentemente, isso tem sido recuperado, desde o começo dessa década, com políticas sociais mais proativas e isso tem sido muito importante para a recuperação do mercado interno. Essa recuperação vai mostrar os seus benefícios principalmente em um momento de crise”, analisou.

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